Perguntar-se “por que eu fiz aquilo?” nos leva a respostas e atitudes muito diferentes de se perguntar “para que eu fiz aquilo?”. Quando me pergunto “por que fiz aquilo?”, busco descobrir as causas da minha ação. Fiz aquilo porque fulano foi grosseiro; porque sempre fiz isso; porque meus pais me ensinaram assim. A pergunta “por que?” pode ser muito útil e muito perigosa. Pode ser perigosa quando utilizo as causas como álibis para meu jeito de funcionar, justificando minha ação. Como na música de Dorival Caymmi, podemos cair na “Síndrome de Gabriela”: “eu nasci assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim, eu vou ser sempre assim”. Não mudo meu jeito porque sou assim mesmo ou porque o problema está no outro. Outro risco é ignorar que somos multicausais: cada ação nossa contém inúmeras causas, e não as conheceremos todas. Por isso querer entender as causas pode ser perda de tempo, e talvez até não nos permita nos conhecer melhor, porém não garantirá nenhuma mudança.

A pergunta “para que eu fiz aquilo?” me move a compreender minha INTENÇÃO, minha MOTIVAÇÃO por trás da minha ação. Para que eu briguei com aquela pessoa? Para que eu engoli aquela situação? São perguntas que me fazem compreender onde quero chegar com minha ação. As perguntas seguintes seriam: estou conseguindo chegar onde quero? Estou bem onde cheguei? Se não estiver, então posso pensar em escolher outra forma de enxergar, outra ação. O “para que?” é uma pergunta que nos leva ao futuro, a direcionar minhas escolhas para meu projeto de vida, ao vir a ser, àquilo que quero me tornar, enquanto o “por que?” me leva a olhar para o passado, àquilo que fui.

O uso adequado do “por que” pode ser comparado com o uso do retrovisor. Quando estamos dirigindo um carro, em alguns poucos momentos precisamos olhar para o retrovisor (o passado), mas a falta de atenção ao que vem em frente (o futuro) pode provocar um desastre.

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