De um lado, filhos prolongam sua permanência no apoio e conforto da casa dos pais. Do outro, os pais podem ter dificuldade de lançar os filhos para fora do ninho. Quais são os riscos que os pais correm com essa transição? Quais mudanças são necessárias?

Quando os filhos saem de casa, é inevitável que ocorram mudanças para o casal. Chegar nesse estágio pode representar maior liberdade e independência para experimentar o que gostariam de fazer e nunca haviam conseguido, como viajar, fazer cursos, ter mais tempo para o ócio e se dedicar ao desenvolvimento espiritual ou à carreira profissional. Para outras famílias, esse novo ciclo pode significar o risco de separação do casal, um sentimento de perda (ninho vazio) e o risco de adoecimento e morte. Em outras palavras, essa transição pode resultar em ganhos para as famílias ou pode ser encarada como perturbadora.

Com mais tempo livre, o casal tende a refletir mais sobre o casamento, e os problemas do casamento se tornam mais óbvios. Se eles se uniam mais para criar os filhos, vão precisar fazer mudanças profundas e repensar o significado da família e, sobretudo, o significado do casamento. Essa altura da vida familiar é propícia para o relacionamento conjugal adquirir mais profundidade e mais trocas. Se o casal ficar preso a ansiedade diante do novo momento, é provável que entre em um combate aberto ou que evite assuntos que possam levar a conflitos, assim diminuirão também a interação. Esse afastamento pode levar a distância emocional e física, a sintomas e o foco voltado para os filhos adultos.

É chegada a hora de avaliar em que grau o casamento permitiu as necessidades de intimidade entre o casal e de estarem separados. Existe dependência excessiva? Ou existe distância demasiada ao ponto de um dos parceiros se sentir fora de contato, pouco cuidado e insatisfeito?

No entanto, as exigências desse estágio podem ser diferentes para a mulher e para o homem. Se a mulher foi capaz de construir a sua própria individualidade, essa transição será realizada com mais facilidade. Logo, será um desafio maior para as mulheres que se concentraram nas necessidades da famílias às custas de suas próprias necessidades.

Dentro de dois anos em média, as mães superam os efeitos do “ninho vazio” sem muitas dificuldades. Além disso, as mães “pós-maternidade” sentem maior felicidade, prazer com a vida e felicidade conjugal do que as mulheres de idade semelhante que têm um filho em casa.

Os maridos que se dedicaram exclusivamente ao trabalho vão ter grandes desafios com mudanças no eu, na família e no ambiente (vão passar mais tempo em casa). Talvez se vejam diante de exigências da esposa por um relacionamento mais profundo. E mesmo mais distantes, podem sentir a saída dos filhos como uma perda e vejam a criação dos filhos como o principal objetivo de suas vidas.

Essas são algumas questões a serem enfrentadas pelos pais. O próximo texto vai trazer a perspectiva dos filhos sobre a saída de casa.

 

Fonte: “As Mudanças no Ciclo de Vida Familiar” – Betty Carter, Monica McGoldrick e colaboradores.

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