A dor de abortar

junho 22, 2016

(entrevista que participei para a revista VivaSaúde n.155, março/2016)

VS – Qual o impacto do aborto na vida da mulher?

D – Em geral, durante a gestação, a mulher já vai construindo seu lugar de mãe e vai criando diversas expectativas em relação ao futuro do filho. Portanto, o vínculo com o filho começa a ser criado na gestação. A perda gestacional por um aborto espontâneo está atrelada também à morte dessas expectativas, do papel de mãe que não foi ocupado. Nessa situação, então, a mulher costuma iniciar um processo de luto. É o luto por uma perda diferente, porque se trata de um filho cuja vida foi curta. E não importa que ela tenha outros filhos ou se virá a ter outros filhos no futuro, ela sofre a perda de um de seus filhos. Não há como substituir um filho, assim como não há como substituir uma mãe ou um pai falecidos. Então, muitas mulheres desenvolvem depressão, sentem culpa, angústia, medo de abortar novamente, de ser punida, de falar sobre o ocorrido.

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Qual jogo está permeando sua relação conjugal?

Na publicação anterior, tratamos sobre o conceito de colusão e o jogo estabelecido pelo casal na colusão narcisista. Agora, vamos visitar as demais colusões.

Na colusão ORAL, um dos membros se coloca como uma mãe que precisa cuidar do outro, e este, por sua vez, se coloca como uma criança desamparada.

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Existe um jogo mútuo e tenso na sua relação conjugal?

Para Jürg Willi, psicoterapeuta e psiquiatra suíço, esse jogo é comum aos casais. É o que ele chama de colusão: um jogo recíproco e não confessado, oculto por dois ou mais companheiros.

Esse jogo se configura a partir de um conflito fundamental similar aos cônjuges. Trata-se de um conflito não superado e construído na história individual pregressa, que se manifesta na interação do casal. Pode-se ter a impressão de que os companheiros são contrários ao outro, no entanto eles ocupam polos da mesma questão.

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Você já percebeu que os homens costumam evitar a proximidade emocional? Já pensou o quanto isso os torna frágeis diante de conflitos e dores emocionais?

Se você é mulher, deve perceber que os homens tendem a fugir da intimidade emocional mesmo na relação conjugal e com amigos. Eles não costumam compartilhar seus sentimentos e suas dores.

Se você é homem, pode até desejar ter mais intimidade no matrinômio e relações próximas com outros homens, mas é provável que evite essa proximidade por acreditar que isso não é possível.

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Maria José queria “desenhar” o próprio nome, mas foi logo repreendida por sua mãe, como podemos ver no início do curta-metragem “Vida Maria” (veja aqui). Esse gesto materno carrega crenças e mitos sobre o que é a vida, qual o papel da mulher, qual a utilidade da educação, as dificuldades de viver na caatinga cearense, entre outros aspectos daquele contexto. Aposto que essas crenças não foram criadas pela mãe de Maria José. Foram herdadas de seus pais, que herdaram dos pais e de seus pais, e assim por diante, perpetuando a repetição daquela realidade.

Assim como Maria José, utilizamos essas lentes chamadas “crenças” e “mitos” para enxergar o mundo de determinadas formas.

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Como você reage às dificuldades na relação de casal?

Se analisar a fundo, pode perceber que essa reação tende a ter a mesma cara e que muitas vezes essa reação não é uma solução.

Sim, o casal tende a responder de forma repetitiva às situações. É o que chamamos de padrão de funcionamento do casal.

E esse padrão pode ser percebido na forma que os dois se comunicam, o que é dito e o que não é dito, como fazem as coisas, como lidam com a dependência/independência.

Se você toma consciência do seu padrão individual (próprio e do outro) e do padrão de casal, pode compreender melhor as dificuldades conjugais.

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Perguntar-se “por que eu fiz aquilo?” nos leva a respostas e atitudes muito diferentes de se perguntar “para que eu fiz aquilo?”. Quando me pergunto “por que fiz aquilo?”, busco descobrir as causas da minha ação. Fiz aquilo porque fulano foi grosseiro; porque sempre fiz isso; porque meus pais me ensinaram assim. A pergunta “por que?” pode ser muito útil e muito perigosa. Pode ser perigosa quando utilizo as causas como álibis para meu jeito de funcionar, justificando minha ação. Como na música de Dorival Caymmi, podemos cair na “Síndrome de Gabriela”: “eu nasci assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim, eu vou ser sempre assim”. Não mudo meu jeito porque sou assim mesmo ou porque o problema está no outro. Outro risco é ignorar que somos multicausais: cada ação nossa contém inúmeras causas, e não as conheceremos todas. Por isso querer entender as causas pode ser perda de tempo, e talvez até não nos permita nos conhecer melhor, porém não garantirá nenhuma mudança.

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