Falar abertamente sobre suicídio é necessário se quisermos preveni-lo. Por isso a campanha Setembro Amarelo está promovendo a conscientização sobre a prevenção ao suicídio.

Quando falamos de suicídio, tocamos em um dos temas mais difíceis para a humanidade: a “morte”. Portanto é muito comum o desejo de se afastar das situações em que pessoas tem a intenção de tirar a própria vida.

Por mais incômodo que seja o assunto, precisamos saber que 90% dos casos podem ser prevenidos. No Brasil, esse gesto de autodestruição tem crescido e é a segunda causa de morte das pessoas com idade de 15 a 29 anos.

Para conhecê-lo é necessário desvendar alguns MITOS.

“Conversar sobre suicídio pode ser interpretado como encorajamento” (mito!)

Pelo contrário, as pessoas que estão pensando nisso não sabem com quem conversar. Falar abertamente possibilita a essa pessoa enxergar outras possibilidades de aliviar seu sofrimento e pode até mesmo lhe dar mais tempo para repensar na decisão de tirar a própria vida.

“Quem quer se matar, não avisa” (mito!)

A maioria das pessoas suicidas deu avisos verbais ou comportamentais. Não devemos ignorar esses sinais nem tratá-los como se fossem “birra”.

A maioria das pessoas suicidas deu avisos verbais ou comportamentais. Não devemos ignorar esses sinais nem tratá-los como se fossem “birra”.

Os sinais verbais podem ser frases como essas:

  • “Eu preferia estar morto”
  • “Eu não posso fazer nada”
  • “Eu não aguento mais”
  • “Eu sou um perdedor e um peso para os outros”
  • “Os outros vão ser mais felizes sem mim”

Alguns comportamentos e condições de alerta são:

  • Desfazer-se de objetos de estimação
  • Abuso de drogas e/ou álcool
  • Estar em depressão por um certo período de tempo
  • Comportamentos dramáticos (atos violentos, por exemplo)
  • Mudar subitamente hábitos de comer ou dormir
  • Não mostrar esperança pelo futuro
  • Assumir riscos fora do comum
  • Comportamento retraído, isolamento, falta de habilidade para se relacionar com a família e amigos
  • Ter doença física crônica, limitante ou dolorosa

“O suicida está determinado a morrer” (mito!)

As pessoas nessa situação estão, em geral, ambivalentes entre viver ou morrer. Elas podem ingerir uma alta dosagem de medicamento, por exemplo, e morrer alguns dias após, e nesse intervalo ter desejado viver.

Por experimentarem esses sentimentos e ideias conflituosas, elas podem desistir da ideia de se matar. Aí que entra a ajuda de pessoas próximas e de profissionais da saúde mental como o psicólogo. Você pode ajudá-la a partir de uma postura de escuta, de querer compreender quais dores ela está vivenciando.

Por trás da intenção de se matar, em geral existe uma crise pessoal pelas dificuldades em lidar com fontes de estresse, como problemas financeiros, término de relacionamento, diagnóstico de doenças graves, doença ou dor crônicas. Outras vezes as pessoas estão passando por experiências conflituosas, desastres, violências, abusos. Elas também podem estar sofrendo algum tipo de discriminação.

Essas pessoas costumam estar isoldadas e não encontram pessoas com quem desabafar. Se você perguntar: “tem algo que eu possa fazer para te ajudar?”, ela poderá vê-lo como um ombro amigo para desabafar. Você precisa apenas tomar alguns cuidados com a maneira de conversar com a pessoa em risco de suicídio:

Como se comunicar:

  • Ouvir atentamente, com calma.
  • Procurar entender os sentimentos da pessoa (empatia).
  • Dar mensagens não verbais de aceitação e respeito.
  • Expressar respeito pelas opiniões e pelos valores da pessoa.
  • Conversar honestamente e com autenticidade.
  • Mostrar sua preocupação, seu cuidado e sua afeição.
  • Falar sobre a importância de conversar com um psicólogo e/ou psiquiatra.

Como NÃO se comunicar:

  • Interromper com frequência.
  • Ficar chocado ou muito emocionado.
  • Dizer que você está ocupado.
  • Fazer o problema parecer trivial.
  • Tratar a pessoa de uma maneira que possa colocá-la numa posição de inferioridade.
  • Dizer simplesmente que tudo vai ficar bem.
  • Fazer perguntas indiscretas.
  • Emitir julgamentos (certo x errado), tentar doutrinar.

Situações de risco de suicídio costumam ser desgastantes e complexas. Por esse motivo, é muito importante o encaminhamento dessa pessoa a um profissional da área da saúde mental (psicólogo e psiquiatra, por exemplo). É possível prevenir o suicídio!

 

Fontes:

BRASIL. Ministério da Saúde. Prevenção do suicídio: manual dirigido a profissionais das equipes de saúde mental. Brasília: 2006.

CVV. Falando abertamento sobre suicídio. 2016.

MICHELS, Murilo. Workshop “O desejo de acabar com tudo: reflexões, narrativas e diálogos sobre suicídio”. Florianópolis, 13 Ago 2016.

OMS. Preventing suicide: a global imperative. Genebra: 2014.

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