Qual jogo está permeando sua relação conjugal?

Na publicação anterior, tratamos sobre o conceito de colusão e o jogo estabelecido pelo casal na colusão narcisista. Agora, vamos visitar as demais colusões.

Na colusão ORAL, um dos membros se coloca como uma mãe que precisa cuidar do outro, e este, por sua vez, se coloca como uma criança desamparada.

O primeiro questionamento da colusão oral é: “Até que extremo eu tenho a opção de que meu companheiro me cuide como uma mãe, sem esperar de mim para fazer uma contrapartida equilvalente e até onde posso e devo me converter em salvador e ajudar meu companheiro e ser como uma mãe que oferece tudo, inesgotavelmente?” (Souza, 2005).

Outra questão do amor na colusão oral é: “Até que ponto se trata, no amor e no matrimônio, de se preocupar um com o outro, sustentando, cuidando e ajudando?” (Souza, 2005).

Assim, o casal que tem o amor como “ser cuidado” pode fazer algumas aprendizagens. Aquele que ocupa o lugar de cuidar e proteger precisa avaliar o quanto o outro pode cuidar de si próprio, assim como pode aprender a cuidar mais de si. O membro do casal que se coloca no lugar do filho pode se conscientizar da importância de cuidar do outro.

Na colusão ANAL-SÁDICA, o questionamento é: “Até que ponto, no amor e no matrimônio, eu posso ser o chefe autônomo ao qual deve meu companheiro se submeter passivamente e até onde pode um se entregar na dependência do outro, sem que este abuse?” (Souza, 2005).

Nessa relação, um dos membros se coloca como o forte, poderoso e autônomo, enquanto o outro se coloca na posição de dependente, passivo e dócil. Quando a guerra se instala no casal, pode-se observar mensagens que poderiam ser traduzidas pela seguinte fala: “Devo dominar o outro se não quero ser dominado por ele”. No fim das contas, o casal busca esconder o próprio sentimento de impotência.

Então, o casal precisa fazer a seguinte reflexão: “Até que ponto eu tenho um direito justificado de possuir o outro cônjuge totalmente e de controlar todos os seus atos e pensamentos ou devo conceder seu campo próprio de autonomia?” (Souza, 2005).

Na colusão FÁLICO-EDIPAL, o que está em jogo são as qualidades masculinas e femininas que todos nós, independente de sexo e gênero, em algum grau possuimos.

O questionamento fundamental nessa colusão é: até que ponto eu tenho que renunciar ao desenvolvimento de qualidades masculinas em favor do companheiro e apoiar-me nele passivamente? Em contrapartida, o outro companheiro traz a questão: devo sempre mostrar-me de maneira masculina ou posso ceder em determinadas ocasiões a tendências passivas?

O jogo colusivo se desenvolve a partir de fantasias inconscientes tais como: “gostaria de ter um companheiro pontente, mas não consigo suportá-lo”, enquanto o outro traz consigo outra fantasia: “sou tão impotente assim porque tu me castraste”.

Por fim, o casal que vive a colusão fálico-edipal precisa aprender a expressar tanto o masculino como o feminino. “Força e fragilidade não são características de um ou do outro, precisam ser expressas e vividas em sua plenitude; da mesma forma, atitudes passivas e ativas não são inerentes a um dos sexos” (Souza, 2005).

Se tiver interesse em conhecer as colusões mais a fundo, sugiro ler o capítulo “Visita às Colusões”, escrito por Dalmo Silveira de Souza, do livro “Relações de Casal: tempo, mudança e práticas terapêuticas” (2005).

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